Queria aprender com o que já tenho
E o que tenho não é sorte, são sortes que vêm por azar.
Tiras a imagem porque foi o que viste num momento marcante
Ou porque quem te marcou foi ela.
Fazes um truquezinho qualquer para tentar inverter a situação,
Quando a situação ficou fora da busca por coisas boas quando elas escasseiam.
Uma boa sensação tenta substitui,
Mas nem esta caneta escreve em condições, como esperas que te escreva?
Quero sair daqui mas não posso ir ter contigo
Estou presa com o que sempre conheci.
Quando se tenta esquecer o que nos feriu no passado, dói para caraças, especialmente quando não encontramos outra solução a distâncias fisicamente grandes.
Nesse caso, e como já me apercebera, não sou eu a sortuda, por não conseguir colocar em prática os meus ideais.
Nesse caso, vou continuar a tentar porque quando parar, transformo-me na exacta pessoa em que me recuso, com todas as forças, tornar.
E não te observando, sabendo no entanto que aqui estás, apercebo-me que tu não imaginas nada disto, e provavelmente, mesmo quando cresceres, não conhecerás nada do que eu conheço. Enfim... empatias. Não sei colocá-las em prática também, mas gostaria. Afinal, de alguma forma foi isso que causou o vazio pós-acontecimento-chave. E é este acontecimento que origina toda a porcaria que digo e faço nestes tempos.
Vou voltar a ser a criança crescida, despreocupada, mas racional; confiante em si, mas não nos outros. Sim, e aprender a interagir com todo o tipo de pessoas e situações, tendo a minha intuição como guia, não olhando para eles dessa forma, mas também não desviando o olhar.
Custa ser desta maneira, ninguém, zero... não há ninguém.
Muitos considerariam o desabafo como peneira, mas não é.
Quem me dera a mim não ser assim.
Não compreendo a minha adaptabilidade: é reduzida, mas quando acciona é passiva
E o meu ser toma uma postura de austeridade,
Sem me deixar ouvir o que quer dizer a saliva,
Sem me deixar descalçar no meio da cidade.
E assim, aos poucos, vou-me fechando ao mundo
Sem voltar ao meu, ficando algures no meio
Numa dimensão infernal, lá no fundo,
Onde não há claro nem escuro, nem bonito nem feio
Apenas o neutro, esse conforto mediano.
E qual é o meu medo?
Está espalhado pelas vossas faces,
Pela vossa mão e por cada dedo:
A reprovação, a repulsa, o desinteresse
Quando há um vislumbre que seja de "eu", fora da máscara,
Não fosse porcaria, antes eu vos a oferecesse.
A criança descobre a ingratidão em perplexidade,
Nada mais natural, se não fosse demais,
Mas quem aprende avança na idade, e surge
O verdadeiro dilema em que sempre cais:
Crescer, aprender; ou ser a eterna criança despreocupada?
Quem poderá dizer o que está certo e errado?
Seja qual for a "escolha" o preço a pagar é alto:
Na primeira, a infelicidade permanece, até se tornar insuportável
Na segunda, a ingenuidade tem o sofrimento na lista de consequências
Mas cuidado com essa tua mente!
Ficar onde estou, o doloroso meio, é bem mais perigoso
Enterrada no fundo desse local
Quem censura eu querer voltar...